Após seis meses em queda, a dívida bruta do governo cresceu 0,3 ponto percentual em setembro e foi a 83% do PIB (Produto Interno Bruto). Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (29).

Segundo o BC, o resultado se deu principalmente por causa da incorporação de juros ao montante, que puxou a dívida em 0,5 ponto percentual para cima, e da alta do dólar de 5,76% no mês, 0,3 ponto.
Além disso, o governo aumentou a emissão de títulos para financiamento da dívida, o que contribuiu com 0,2 ponto percentual para a alta.Na comparação anual, contudo, houve redução de 6,2 pontos percentuais na dívida bruta em relação ao PIB.Ao todo, a dívida bruta somou R$ 6,9 trilhões em setembro. Se for considerado o valor em reais, a dívida manteve trajetória de crescimento nos últimos meses. Em agosto, o montante somava R$ 6,84 trilhões e R$ 6,79 trilhões em julho.A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável.
O endividamento registrou crescimentos expressivos por mês desde o início da pandemia de Covid-19. Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve de gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio emergencial e linhas de crédito para empresas.
Em fevereiro deste ano, a dívida alcançou 89,36% do PIB, maior percentual da série histórica iniciada em 2006. No mesmo mês de 2020, último antes dos impactos da crise sanitária, a dívida estava em 75,16%.A partir de março, o endividamento -em relação ao PIB- começou a cair.Segundo expectativas do mercado coletadas pelo BC, os economistas consultados projetam que a dívida encerre o ano em 81,8% do PIB e volte a crescer nos anos seguintes, chegando a 85,5% em 2027.Em movimento oposto, a dívida líquida, que desconta os ativos do governo, registrou queda de 0,8 ponto percentual em setembro e chegou a 58,5% do PIB. De acordo com o BC, a alta do dólar no mês puxou 0,9 ponto para baixo.
Quando o dólar sobe, há redução no valor da dívida líquida em reais porque são descontadas as reservas internacionais, mensuradas em moeda americana.O crescimento da atividade econômica reduziu o montante em 0,6 ponto e o resultado positivo das contas públicas no mês contribuiu em 0,2 ponto.Pela metodologia do BC, o governo teve superavit de R$ 12,9 bilhões em setembro. Nos últimos doze meses, no entanto, o setor público acumula resultado negativo de R$ 52,9 bilhões (0,63% do PIB).O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, excluindo os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superavit. Caso contrário, há deficit.O resultado nominal, que inclui o custo da dívida, foi deficitário em R$ 42 bilhões no mês e em R$ 404,6 bilhões em 12 meses.Em setembro, o governo desembolsou R$ 55 bilhões com juros da dívida pública. No mesmo mês do ano passado, foram R$ 38,9 bilhões. O aumento se deu em razão da alta da taxa básica (Selic) e da inflação no período, além de perdas de R$ 12,9 bilhões com operações cambiais.
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